quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Seca de verão
Do meu inverno solar Vendo ar com peso de consequência Quero obter um dia de azul infinito Que não estufe meu lar Na cidade nova em renascimento De alma oculta
Cultua meu modo de estar
O culto meu de todo dia Boate minha de toda noite Revele a vida espremida E veja meus vagões lotar Lotado de estresse, de mim e de esperança Selva de pedra não Selva de sonho De ganância
Esprema-me mais aqui Pra eu poder doar um pouco de mim E sossega com a tua pressa Disponha-se a caminhar na Paulista Domingo a tarde Pra contemplar a imponência Dos prédios magnetizados De força de vontade
É caos ao vivo Organizado a fio Ponha óculos e sorria Faz quarenta anos Que São Paulo conquistou Meu amor a sangue frio.

sábado, 26 de julho de 2014

Nas festas de São João
Eu passava as noites na porta de casa
Distante da fogueira
Que queimava

Eu fazia cara feia
Desaprovando toda aquela fumaça
Só depois voltava
Para me aquecer perto das brasas

Ciente do tempo perdido
Enganando a mim mesmo
Dizendo que tudo aquilo
Que eu tinha feito
Não seria em vão

Quando você chegava
Fazia tudo para eu perceber
Fazia de conta que não me via
E eu te encarava
Pensava
Naquela rua calma
Que o meu maior erro
Foi você

Mesmo que eu não pudesse esquecer
Não era meu tipo se arrepender
Mas olha que ironia
Eu estava ali
Sentado no meio-fio
Sorrindo
Dos frutos do meio termo
De meio caminho andado
Lembrando do que eu fiz
Pra te ver
Lembrando do que eu não fiz
Pra te ter.



domingo, 20 de abril de 2014

Não era pra ser uma data especial. Sem falar que a palavra "especial" me soa muito clichê, uma palavra bonitinha que todos usam descaradamente pra acobertar o falso sentimento de compaixão e harmonia. E sem falar que naquele dia você estava mais bêbado que frequentador de boteco numa quinta. Você transparecia o vazio, a necessidade de ser feliz saía como odor da sua boca.
Naquele dia senti seu verdadeiro lado, aquele que você escondia. Sentia que tinha textura de carne podre. Você estava apodrecendo, se segurando a um sentido de vida manipulado. Você se enganou, não é assim que as coisas acontecem. Você não é um coitadinho sem meios de sobrevivência mais digno.
Migalhas,
Migalhas de você mesmo
Migalhas de medo inventado
Migalhas
Grito de socorro induzido por um passado que você se recusa a superar.
Não era uma data especial. Acredite. Aquilo foi um golpe da vida que lhe socou o estômago e você preferiu achar que o mesmo arrancou-lhe suas pernas.
Você corre em círculos
Círculos milimetricamente feito por você mesmo,
Desprezível,
Eu sei de seu drama, eu sei quem você é. Eu sei o que você quer.

"...Ah! não acredito! Então vamos comemorar. Mas primeiro dê-me um abraço"
Estava em um torpor magnífico, sentia a vibração da vida, o sorriso de uma mãe pegando seu filho pela primeira vez no colo.
Sua pele sensível,
O arrepio duradouro de minhas verdadeiras intensões.
Eu sentia o gosto do sangue, o mesmo que cobria meus dedos num contraste mais lindo que já vi.
Suave,
Suave como o vento
Era meu sussurro ao dizer que te amava,
E eu percebia que você me beijava,
Eu não sentia as contrações de felicidade.
Estava submerso em um universo inigualável
Esplêndido. Que não escorria da minhas mãos.
Eu não sentia
Eu não sinto
Mas se era para sentir,
Eu só poderia dizer
Que sinto muito.

quinta-feira, 13 de março de 2014

À remo
Amo
Os inícios
De longe
Onde
Um dia
Quero estar.
Transborda para dentro
Em desalento
Um frio
Que não me faz
Congelar.
Decepção.
Quando for, amor
Recorde-se de quando
Prometeu ser âncora;
Estava ali
Para tornar alguém firme
E não prisioneiro.